quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O Papel da Engenharia e dos Engenheiros

Brasília, 22 de dezembro de 2010.

   Durante cerimônia solene no Instituto de Engenharia de São Paulo, no último dia 13.12, em comemoração ao Dia do Engenheiro e do Arquiteto, foi outorgado o Título de “Eminente Engenheiro do Ano” ao engenheiro civil José Roberto Bernasconi – presidente do Sinaenco-SP e ex-presidente do Sinaenco Nacional.    No discurso, o homenageado, após retrospecto sobre o planejamento brasileiro, afirmou acreditar que “o Brasil será um país ainda mais generoso e, também, será mais próspero e mais justo para todos, desde que façamos um esforço coletivo e permanente para atingir o estágio de desenvolvimento de que necessitamos e que, como sociedade, merecemos”.

Leia o discurso:
O Papel da Engenharia e dos EngenheirosAlém de engenheiro civil, sou advogado. (Recente, verde)

Mas aprendi, no Curso de Direito, entre tantas coisas, que os Juízes, os Promotores Públicos e os Advogados são os “Operadores do Direito”.

Sem eles não se solucionam os conflitos, não se distribui Justiça. Os estudantes de Direito aprendem, desde o 1º ano, que “sem os advogados não se faz Justiça”.

Estou de pleno acordo.

Mas e nós, os engenheiros?

A Engenharia, que é ciência, técnica e, até, arte, a Engenharia é a propulsora do Desenvolvimento.

E os engenheiros são os “Operadores do Desenvolvimento”!

Se acredito que sem Advogado não se faz Justiça, tenho absoluta convicção de que “sem os Engenheiros não se faz desenvolvimento”!

Os engenheiros atuam na elaboração de Estudos, Planos, Projetos, Construção e Produção, Gerenciamento, Gestão, Operação, Manutenção, ou seja, em todas as fases e em todos os ciclos de produção.

Mas, lamentavelmente, a Engenharia não tem sido respeitada e nem utilizada da melhor maneira no Brasil.

Perdemos o hábito de Planejar! Planejar é pensar antes e quem pensa antes, executa melhor.

As décadas de stop & go, dos chamados voos de galinha, décadas marcadas pela inflação, quando a velocidade das ações era o mais importante, mesmo em detrimento da qualidade e do custo, todas essas circunstâncias levaram a Nação a não planejar adequadamente.

Decidido um investimento, o urgente era iniciar a obra. Assim, os tempos para estudos de alternativas, de amadurecimento das decisões, de elaboração dos projetos a partir dos dados de campo, esses prazos foram quase que suprimidos.

Ainda pior: projetos de engenharia contratados por menor preço, até mesmo por pregão, desrespeitando a natureza intelectual do processo de projetar, do criar e decidir a partir do conhecimento técnico e do amadurecimento profissional do projetista, depois de muita reflexão.

Esta prática errada desconsidera que, no projeto, está o código genético, o genoma, o DNA do empreendimento e que ‘Antes de uma Boa Obra, existe sempre um bom projeto’.

Esta prática corresponde à preparação do desastre!

O resultado é previsível: má qualidade nas obras, obras paralisadas e inacabadas, custos muito acima do previsto e, também, recursos financeiros empoçados e não utilizados por falta de projeto e por má gestão!

Parece óbvio: mas decisões não levam a bons resultados!

Temos discutido publicamente os temas Copa 2014 e Olimpíadas 2016, procurando contribuir para a compreensão de seu significado para o Brasil, como país-sede.

São os dois maiores eventos midiáticos do Planeta, sendo acompanhados por dezenas de bilhões de pessoas. (27 bilhões – Copa 2006 e 30 bilhões – Olimpíadas 2008).

É uma grande oportunidade para a transformação das cidades-sede, sua melhoria, renovação, da ampliação de sua infraestrutura, além da geração de equipamentos esportivos modernos, atuais.

Para gerar um legado permanente para o País e para as cidades-sede é necessário planejar, decidir o que fazer, como fazer, definir a modelagem e elaborar os planos-diretores, os projetos de arquitetura e engenharia para aí, então, contratar obras e gerenciar sua implantação cuidadosamente.

No entanto, para a Copa 2014 já se passaram três anos, não se fez tudo o que poderia ter sido feito, e ainda temos grandes indefinições, o que traz a preocupação a respeito do legado que a Copa deixará para a sociedade brasileira.

É uma pena que a situação seja essa, e algumas pessoas podem até imaginar que é assim mesmo não tem jeito, mas não é verdade!

Deixem-me relatar o que Londres está fazendo para realizar as Olimpíadas de 2012.

A candidatura foi vitoriosa em 2005 e resultou de proposta elaborada a partir de 2002.

Os ingleses decidiram que usariam os Jogos Olímpicos para renovar a região mais pobre de Londres, a mais deteriorada e mais contaminada: sua zona Leste!

A tinturaria da indústria têxtil britânica, instalada desde o século XVIII, altamente poluidora, contaminou água, solo e ar. E mais, os períodos do carvão e do petróleo tornaram ainda mais aguda a contaminação.

Londres foi bombardeada na 2ª Guerra Mundial, e para sua reconstrução os escombros foram lançados nessa região, que tem a população mais pobre, composta por imigrantes da Ásia e do Oriente vivendo lá com a esperança de vida mais curta de Londres. (3 a 5 anos menos de expectativa de vida).

Decidiram os ingleses, então, recuperar aquela região com a construção do Parque Olímpico, visando o futuro, o ano de 2040 como horizonte de projeto. Por isso, com esse olhar em 2040, o Parque Olímpico vai se chamar Legacy Park, o Parque do Legado.

Em julho de 2005, Londres escolhida, o Comitê Organizador Local criou a ODA (Olympic Delivery Authority) com a missão de realizar o Parque Olímpico. A ODA contratou um consórcio gerenciador, composto de empresas de engenharia que, desde o primeiro momento, participou do desafio de materializar o Parque Olímpico.


Fonte: CONFEA

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