terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Ponte Estaiada no Fundão RJ

Ponte sul da ilha do Fundão ancora 18 estais em pilone único


Projeto arquitetônico da nova construção sobre o canal do Fundão exigiu o uso de fôrmas trepantes


Bruno Loturco
As obras da ponte sul da ilha do Fundão, localizada na cidade do Rio de Janeiro, devem ser finalizadas em abril deste ano. A construção compreende um pilone único em concreto armado ancorando 18 estais metálicos em plano central único, dispostos em formato leque-harpa. Estais posteriores são contrabalançados por três pares de estais traseiros em dois planos.

Divulgação: Alexandre Cham
Ponte Sul deverá facilitar o acesso de veículos do interior da ilha ao centro da cidade

O maior desafio da execução da ponte foi a moldagem do pilone proposto pelo arquiteto responsável pelo projeto, Alexandre Chan. De acordo com ele, a forma escultórica do elemento exigiu o uso de fôrmas trepantes. Essa foi a maneira encontrada pelo projeto de estruturas para evitar qualquer prejuízo do sistema formal-estrutural, revela Chan.
Segundo ele, a intenção do formato é buscar efeitos de reflexão do sol e da iluminação de realce e com formato descontínuo na busca de expressão. "A ponte Sul aparecerá mais pelo conjunto formado por um único grande pilone e um único plano de estais, todos em cor branca. O formato geral de obelisco do pilone foi alterado na busca da comunicação dos esforços estruturais dos estais frontais e traseiros", explica.
Marco Fernandes - CoordCOM/UFRJ
Solos locais, oriundos da união das ilhas antes existentes e dos aterros entre elas, levou ao estaqueamento em aço
Além dos aspectos arquitetônicos, fundamentos técnicos pautaram a escolha por estais para concepção da ponte que tem 170 m de vão e capacidade de carga da ordem de 45 t. "Os solos locais, oriundos da união das ilhas antes existentes e dos aterros entre elas, levou ao estaqueamento em aço. Já a escolha do concreto armado total foi uma decisão em consenso entre os envolvidos, embora eu defendesse um tabuleiro mais leve, em aço", afirma Chan. O tabuleiro compreende duas pistas de mesmo sentido de direção separadas por plano único de estais, sem passeios para pedestres ou vias para bicicletas. As pistas têm largura livre de 4,50 m cada e são executadas em concreto armado aparente construído em aduelas modulares montadas em balanços sucessivos. Contam com perfil ascendente da ilha para o continente.
Dentre as alternativas estudadas, Chan afirma que todas apresentaram contraindicações que variaram desde dificuldades operacionais até a questões estéticas, item constantemente salientado no escopo do projeto. Exemplos de alternativas eram vãos menores com pilares mais frequentes - evitados para a não invasão do meio hídrico - e arcos para o vão total ou o sistema de suspensão - mais comumente utilizados em vãos maiores.

Divulgação: Alexandre Chan
Estais posteriores são contrabalançados por três pares de estais traseiros

Chan conta que, na evolução do desenho, ele notou a semelhança com o movimento e esforços de um pássaro marinho ao emergir das águas. "Essa imagem nos remeteu à foto do biguá, que, com esforços semelhantes, tentava sair das águas oleosas no desastre ocorrido na Baía da Guanabara", lembra ao revelar que, no escritório, o projeto ganhou o codinome de Biguá Renascido.
Resumo da obra
Execução: abril de 2010 a abril de 2011
Altura do pilone: 95,50 m a partir do bloco de fundação, incluindo mastro do pára-raios e sinalização de navegação aérea
Nível máximo atingido: 102,56 m
Área do bloco principal de fundação: 360 m²
Vão de travessia do canal sustentado por estais: 170 m
Altura livre mínima para navegação: 10,18 m
Comprimento total da obra: 933,54 m, sendo 773,54 m estruturados e 160 m sobre aterro entaludado
Área total da obra: 11.550 m², incluindo rótula de acesso
Arquiteto: Alexandre Chan
Engenheiro de estruturas: Vicente Garambone
Construção: Queiroz Galvão S.A.

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