"Começamos nosso trabalho com duas equipes formadas por médicos, psicólogos e uma enfermeira que atuariam em bairros remotos de Nova Friburgo e São José do Vale do Rio Preto. Mas logo percebemos que a necessidade maior era na área de saúde mental. Existem ótimos profissionais aqui, mas eles sentiam-se perdidos porque não têm experiência em trabalhar em situações de catástrofes como essa", diz o coordenador da missão, Sérgio Cabral. "As oficinas de capacitação foram um pedido dos próprios psicólogos, tanto voluntários como da rede pública, que estão trabalhando com as pessoas afetadas pelo desastre", afirma.
A neuropsicóloga Ozimar Verly, que tem consultório em Nova Friburgo e está atendendo voluntariamente as vítimas, conta que estava com muita dificuldade de abordar as pessoas. Uma das causas é o fato de ela mesma é uma sobrevivente. Ela estava dentro de um carro estacionado na garagem de um edifício que desabou minutos depois que ela saiu, matando dois bombeiros. "Essa capacitação me deu um novo olhar sobre o que está acontecendo e me despertou para coisas que estavam passando despercebidas por mim. E o mais importante é que a presença das psicólogas de Médicos Sem Fronteiras me deu segurança para trazer à tona tudo o que eu já sabia. Por também ter sido vítima eu estava muito abalada", disse.
Uma das lições aprendidas por MSF e compartilhada nas oficinas é que não é possível um diagnóstico dos traumas causados pela catástrofe durantes os três meses seguintes ao ocorrido. "Sintomas como paralisia, crise de choro e confusão mental que numa situação normal podem indicar algum tipo de trauma são reações comuns de qualquer pessoa que viva uma situação como essa", explica Letícia Nolasco, psicóloga de MSF que atuou na emergência causada pelas cheias em Alagoas, no ano passado. Débora Noal, que também atua com MSF e esteve no Haiti logo após o terremoto explica que "quando uma catástrofe como essa acontece, reações antes consideradas patológicas são esperadas".
A estratégia de trabalhar com a qualificação dos profissionais em vez de fazer atendimento direto à população também tem o objetivo de atingir um público grande mesmo com uma equipe reduzida. Além dos treinamentos, MSF colaborou na organização dos voluntários que estão trabalhando na cidade para que não houvesse multiplicação de esforços desnecessários.
Fonte: M.S.F.
O M.S.F. desenvolve um trabalho maravilhoso no mundo. São eles que chegam onde ninguem chega, são eles que tratam de mulheres e crianças vitimas de estupros e violências sexuais, são eles que levam comida, remédios e tratamento psicológico para os mais miseráveis do planeta, para as vitimas de genocídio, para os deslocados de guerra, para os multilados, para os escravos que são forçados a matar. Peço que conheçam este trabalho belo e magnânimo.
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