Giovanny Gerolla, enviado especial a Florianópolis | ||||||||
Para quem olha de longe, a obra sobre a Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis (SC), parece não ter fim. O tráfego está proibido desde 1991, quando foi definitivamente interditada, e seu piso asfáltico, sobre o vão central pênsil de 340 m de comprimento, retirado.
Mas o peso social sobre este patrimônio histórico e octogenário não foi aliviado e especialmente os catarinenses aguardam providências. O Consórcio Florianópolis Monumento (CFM), atual contratado pelo Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) para conduzir restauro, reabilitação e manutenção da ponte, mostra que o grande desafio da obra será a troca das barras de olhal - grandes barras metálicas que suspendem o vão. "Uma já rompeu", conta Antônio Carlos Xavier, engenheiro fiscal da obra, pelo Deinfra. Apesar de não admitir que a causa do rompimento tenha sido a corrosão forte pela maresia, ele afirma que "algumas barras estão melhores, outras piores; as falhas ocorrem porque já são velhas demais".
A troca das barras dependerá, no entanto, do grau de confiança existente sobre as rótulas estruturais, que dão apoio aos quatro pilares principais da ponte. No momento, essa confiança fica limitada a muitas trincas e corrosão avançada. "Rígidas, elas não fazem mais o contrabalanceamento dos movimentos da ponte e representam enorme risco ao patrimônio de 5 mil toneladas de metal, em equilíbrio há 85 anos", confirma o fiscal. Além disso, com rótulas rígidas, não é possível soltar as barras de olhal para reparo, deixando descansar parte maior da carga da ponte sobre os pilares principais. "O problema foi que, quando a rigidez das rótulas foi detectada, o processo de restauração já havia se iniciado, e teve de ser interrompido", explica o atual presidente do Deinfra, Paulo Meller.
" No momento, estamos construindo uma segunda ponte metálica, de estrutura parcialmente submersa - e, portanto, com o auxílio de mergulhadores -, que deverá dar apoio à Hercílio Luz, para que, por um lado, rótulas sejam reparadas e, por outro, as barras possam ser finalmente trocadas." A estrutura provisória terá 16 pilares de 34 m de altura formados por tubos de aço com 1 m de diâmetro preenchidos com concreto armado. Cada quatro pilares sustentarão um bloco misto de aço e concreto. Os "quatro jogos" sustentarão as rótulas da ponte, que será suspensa no máximo em 20 cm para aliviar a tensão das cargas, possibilitando, assim, a troca ou reparo das peças. A complexidade da obra sobre a ponte depreende-se do fato de ela ser patrimônio tombado pelo município (1992), pelo Estado de Santa Catarina (1997) e reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do governo federal, que supervisiona os trabalhos.
"Os serviços são artesanais; tudo deverá ser feito como executado na década de 20 do século passado; por isso, as obras de restauração estão suspensas até que a ponte de apoio (estaqueamento) esteja completamente pronta", conclui o engenheiro Sebastião Florentino de Almeida Rezende, coordenador da Prosul/Concremat, atual consorciada contratada para a supervisão das obras. A previsão é de que a estrutura de sustentação provisória seja finalizada em 2012. O custo estimado para as obras de restauro da Hercílio Luz é de R$ 200 milhões, e ainda não há certeza sobre qual será o uso futuro da ponte, nem sobre o prazo necessário à conclusão total das obras. Ficha técnicaContratante: Departamento Estadual de Infraestrutura de Santa Catarina (Deinfra) Supervisora de obras: Consórcio Prosul - Concremat (Prosul Projetos Supervisão e Planejamento Ltda e Concremat S/A) Empresa executora: Consórcio Florianópolis Monumento Empresas associadas: Construtora Espaço Aberto Ltda, CSA Group Data de Início: 01/12/2008 Data de Término (da estrutura de apoio): 07/06/2012 Fonte: téchne |
domingo, 5 de junho de 2011
Restauro da octogenária ponte Hercílio Luz
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