domingo, 5 de junho de 2011

Nova sede do Conselho Federal de Engenharia em Brasília.

   Na terra da política e da arquitetura, as diretrizes de qualquer construção no plano piloto são bem restritivas.   Situa-se aí a nova sede do Confea, o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, projetada pelos arquitetos Pedro Paulo de Melo Saraiva, Pedro de Melo Saraiva e Fernando de Magalhães Mendonça, do PPMS Arquitetos Associados, segundo lugar em concurso realizado em 1999.
   O volume de 10 mil m2 de área obedece rigorosamente aos recuos e gabaritos estipulados pela Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital), que determina um limite de 17 metros para o último pavimento-tipo e 21 metros para a cobertura e áreas técnicas.   Para permitir um maior aproveitamento das áreas desses pavimentos e flexibilidade de layout, o projeto definiu térreo, quatro pavimentos intermediários e uma cobertura com plantas livres de pilares centrais e muita integração visual.   A esse programa unem-se três subsolos de estacionamento com 122 vagas.

   A planta é estritamente retangular com fachadas principais dispostas nas faces leste e oeste de um terreno de 40 m x 40 m, entre duas avenidas de acesso, a W2 e W3.   O térreo destina-se à entrada, recepção e plenário com ambientes de apoio.   À sua volta, na área externa, formam-se galerias protegidas do sol que permitem a integração entre as avenidas.

   O tratamento paisagístico é reforçado por uma pequena praça com espelho d'água, que ajuda a amenizar as características do clima seco da cidade e, ainda, integra o edifício à antiga sede do Confea, que futuramente será transformada em um centro cultural.

   Os quatro pavimentos de uso administrativo apresentam planta livre com 22,50 m de vão.   Toda a estrutura concentra-se na periferia, o que permite diversos arranjos de layout facilitados pelo piso monolítico elevado.   Para liberar ainda mais área, a circulação vertical é feita em uma torre anexa construída sobre uma área de 15 metros de recuo obrigatório.   Essa torre é revestida por placas de alumínio composto (assim como as fachadas norte e sul), com acesso por passarelas envidraçadas e resfriada por um fluxo de água constante que jorra da última passarela e cai no espelho d'água no térreo.

   Como em Brasília a iluminação natural é intensa, foi indispensável o uso de um anteparo que protegesse as fachadas da insolação direta. Em vez do uso de brises comuns, que poderiam confinar visualmente os usuários do edifício, foi adotada uma solução mais sutil: uma membrana têxtil perfurada e incombustível, sustentada por caixilhos de alumínio.   "Em vez de robustos brises de concreto que limitam o contato interior e exterior optamos pela sutileza desse tipo de membrana perfurada", explica o arquiteto Pedro Paulo de Melo Saraiva.

   Essa segunda pele translúcida foi posicionada cerca de quatro metros da pele de vidro das fachadas e fixada em esperas metálicas na ponta das vigas.   Além de rebater os raios solares, os painéis permitem passagem e renovação do ar e criam uma camada de ar intermediária que propicia uma temperatura mais amena no interior do edifício.

   De dia, a envoltória verde confere ao volume retangular opacidade e solidez, e à noite os ambientes internos se revelam, e toda a trama estrutural se destaca.   "Os níveis de ventilação e proteção solar do edifício foram previstos em projeto que definiu o diâmetro dos furos da membrana.   Nosso consultor determinou a relação de espaço aberto e opaco da membrana, e analisou a cor com melhores propriedades ultravioletas", explica Pedro Paulo.

   Como coroamento do edifício, a cobertura foi utilizada como espaço de convivência.   Nesse piso, situam-se refeitório, copa e cozinha e uma área de estar e lazer ancorada por área livre e jardim, com dimensionamento adequado para sediar eventos sociais.   Uma cobertura metálica formada por um sistema de arcos triarticulados abriga a nova área de convivência.

   Estrutura

   O desequilíbrio causado pelo carregamento das extremidades internas desses balanços foi compensado pelo atirantamento do braço externo para criar um momento negativo.   A partir da cabeça da cortina diafragma no térreo, e do interior de um cone, sobem dez cabos de aço, a cada 3,75 m, que alimentam cada pavimento com um par de tirantes, ou seja, no último pavimento sobem apenas dois tirantes para cada braço de pilar.   "Em vez da execução de engastes nos pilares, que dariam um elemento arquitetônico indesejável, criamos esse sistema de alavancas", explica Pedro Paulo.

   No térreo e subsolo, a malha estrutural dispõe pilares e vigas a cada 7,50 m, o dobro do espaçamento dos andares-tipo.   Para resolver a transição, foi executada uma grande viga armada (treliçada) no primeiro pavimento.

   Nos três subsolos, cada piso se divide em dois subníveis de meio piso, unidos por rampas centrais.   O acesso à garagem é feito por uma rua com rota de circulação única.   "Todos os pisos estão ligados visualmente e não existe uma situação claustrofóbica", explica Pedro de Melo Saraiva.   "As distâncias são curtas e sempre se sobe apenas meio pé-direito", conclui.   O acesso aos elevadores é feito entre os níveis e rampas, a um quarto de nível.

THE MESH AND THE PLANSIn the land of politics and architecture, the directives of any construction are very restrictive. That is where the new headquarters of Confea were built, designed by the paulista PPMS Arquitetos Associados studio, second place in a contest held in 1999. The volume, with an area of 10 thousand m2, rigorously obeys the space and standards stipulated by the Novacap agency that determines a limit of 17 meters for the last type floor and 21 meters for the penthouse and technical areas. The project defined the ground floor, four intermediate floors and a penthouse with plans free from central pillars. The plan is strictly rectangular with main façades towards east and west. The four administrative use floors have a free plan with a void of 22.50 meters. The entire structure is concentrated in the periphery. To free the area still further, the vertical circulation is done in a joint tower built in an area with 15 meters of mandatory recess. It was necessary to use a screen protecting the facades from direct sunlight. Instead of using common brises, that could visually confine the users of the building, a more subtle solution was adopted: a perforated and incombustible textile membrane, supported by aluminum frames. This second translucent skin was positioned some four meters from the glass skin in the façades. In addition to reflecting the sunbeams, the panels allow the passage and renewal of the air and create an intermediate layer of air that provides a milder temperature inside the building.

Plantas:
Galeria de fotos:
http://www.revistaau.com.br/au/extra/galeria.asp?e=206|214776&t=E1&b2g=PARBRA

Fonte: aU
Para obter vãos livres em todos os pavimentos, o sistema estrutural do edifício é formado por uma estrutura mista de concreto e aço, que consiste de tramos metálicos centrais de 15 m de comprimento, apoiados em pilares de concreto em formato de T moldados in loco, com balanços simétricos de 3,75 m, exatamente a distância da fachada cortina dos subsolos até o eixo do pilar.

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