O IAB observa com entusiasmo os movimentos da sociedade civil a reclamar providências em face dos altos índices de corrupção que presenciamos no país. A manifestação pacífica, organizada através de convocações pela internet, demonstra o poder de mobilização, fruto da indignação do povo contra atos dos gestores da coisa pública.
Ainda que a prática de desvios de dinheiros públicos e de oferta e percepção de vantagens indevidas não seja um problema apenas do Brasil, é relevante sublinhar a estimativa da FIESP: cerca de 65 bilhões de reais ao ano são drenados para os corruptos. Segundo o Banco Mundial, 1,6% do PIB planetário se perde nos ralos da corrupção.
A prática é de difícil comprovação. Pois tanto o corruptor como o corrompido atuam de forma encoberta, já que ambos praticam delito. A Justiça não opera com conjecturas e indícios, exigindo, para condenar, prova obtida sob contraditório, acima de dúvida razoável.
Se, de um lado, as passeatas e as manifestações dos vários segmentos constituem um brado de justa rebeldia e inconformismo da sociedade contra estas constantes ocorrências; de outro, é indisputável que não se muda o caráter das pessoas de um dia para outro. Uma pessoa de bom caráter é resultante de sólida formação moral. Formação moral que vem da família e da escola.
Distingue-se, pois, um movimento popular que conduz ao impeachment de um governante daquele que protesta contra a corrupção. O Brasil assiste a acusações de corrupção há décadas, pouco importando qual dos partidos se encontra no poder. Em todos os períodos da vida republicana, com maior ou menor intensidade, mais evidente ou menos visível, todos os governos foram protagonistas de denúncias graves de corrupção. Quem era oposição no passado, denunciava atos de improbidade do governo de sua época, se torna situação e protagoniza exatamente o mesmo cenário, como se chegara sua vez de aproveitar-se da viúva.
É certo que o voto popular é único instrumento de seleção dos políticos. Por outro lado, verifica-se que os amigos dos eleitos são trazidos para a administração pública, em todos os níveis, demonstrando que, se foram barrados pelo eleitor, são restaurados pelo esquema de poder. Aí estão ministros, assessores de todo gênero e escalão, a comprovar a afirmação.
Os advogados aliam-se ao movimento que precisa e deve ter desdobramentos. O episódio da deputada Roriz revela indignidade para o exercício de qualquer função pública, independentemente de deter ou não mandato na ocasião da percepção da vantagem econômica. A Câmara dos Deputados perdeu excelente oportunidade de demonstrar sua repulsa a atos espúrios confessadamente realizados por um de seus membros. O resultado é a paulatina perda dos derradeiros sentimentos de confiança da população no Poder Legislativo, o que bem se constatou durante a passeata de Brasília deste 7 de setembro, quando políticos foram convidados a dela se afastar.
Fonte: Mural do presidente do IAB.
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