Arie Dubi, do Departamento de Engenharia Nuclear da Universidade Ben Gurion, em Israel, afirma que uma histeria coletiva foi criada em torno da indústria nuclear após o caso japonês. Segundo ele, a Humanidade entrará em decadência sem energia nuclear.
A mídia está superestimando a crise nos reatores em Fukushima?
ARIE DUBI: Sim. Uma coisa: quantas pessoas morreram por causa dos problemas nos reatores? Nenhuma. Quantas pessoas vão morrer? Muito poucas. Menos de 5% da quantidade das que morreram com o terremoto e o tsunami, e isso em 20 anos. O exagero, a "catástrofe", acontece na cabeça das pessoas, não na realidade. Não vai haver mais um Chernobyl.
Mas e a radiação?
DUBI: Há radiação, realmente. Mas radiação é parte da natureza, somos afetados o tempo todo. Ela pode também salvar vidas: milhões vivem hoje por causa dos tratamentos contra o câncer, mesmo recebendo muito mais radiação. Vejo um medo histérico em relação ao Japão. A catástrofe já aconteceu: terremoto e tsunami.
Mas não haverá mais vítimas afetadas?
DUBI: Imagino que, na pior hipótese, haverá 50 ou 100 casos de doenças nos próximos dez anos.
O senhor apontaria erros dos japoneses?
DUBI: Pelo que sei, não cometeram erros. Fizeram tudo certo, mas as circunstâncias são insuportáveis.
Mas quanto à lentidão nas tentativas de esfriamento das usinas?
DUBI: Quando uma usina nuclear falha, os técnicos precisam de eletricidade para esfriá-la. A hipótese é a de que sempre haverá eletricidade, ou de geradores ou de outras usinas. O problema é que, nesse caso, a tsunami estragou tanto os geradores como as outras usinas. E a rede elétrica também ficou debilitada. Pode ser que, se os japoneses esqueceram algo, foi de levar isso em consideração.
O senhor é contra a busca de outros tipos de fontes de energia que não a nuclear?
DUBI: Claro que não. Toda fonte alternativa de energia é benvinda. A solar é ótima, a eólica é excelente. O problema é que elas não são suficientes. Todas elas não nos darão mais de 30% da energia que precisamos. Neste momento, só a energia nuclear pode suprir a Humanidade.
Mas ela é uma boa alternativa?
DUBI: Essa não é a questão. O problema é que não temos outra opção. Todos os conflitos de agora no mundo árabe são ligados à energia, porque os preços dos alimentos subiram, resultado justamente do aumento do preço da eletricidade. Se continuarmos assim, vamos chegar à Terceira Guerra Mundial. Para os críticos, eu digo: desenvolvam outras formas de energia, mas saibam que elas não serão suficientes, pelo menos neste momento.
Qual a solução?
DUBI: É produzir energia nuclear da maneira mais segura possível. E lidar com isso de maneira racional. Não com medos histéricos.
O senhor recomenda algum modelo de usina?
DUBI: Existem modelos qualificados de "seguros de forma inerente". Parte do que está acontecendo em Fukushima nunca aconteceria a eles, que são imunes a fusões de seus reatores (meltdown). Para que haja meltdown, a usina precisa chegar a uma temperatura específica. Nunca esse tipo de usina chega a essa temperatura. O aquecimento é limitado e o esfriamento é rápido, mesmo que não haja água. Já existe uma usina dessas em fase de demonstração na Alemanha.
Fonte: IE
Esta reportagem do Instituto é maravilhosa. Todo engenheiro sabe que somente a energia nuclear é capaz de abastecer a humanidade. Na UFRJ estuda-se desde os anos de 1990 a fusão nuclear, mas ainda não foi viável produzi-la! A humanidade tem que optar por voltar ao século XVIII ou lidar de forma inteligente com as usinas nucleares.
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